sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Biomas brasileiros e Sucessões Ecológicas

Bioma da Amazônia

É a maior floresta pluvial tropical do mundo, pois abrange grande parte da região Norte do Brasil e está presente nos estados do Acre, Amazonas, Amapá, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins. Portanto, a Floresta Amazônica ocupa quase metade do território brasileiro, o que faz com que o Brasil seja um campeão de biodiversidade, encabeçando a lista dos países megadiversos.
Felizmente a Amazônia possui dois fatores de proteção que dificultam sua rápida degradação, que são sua enorme extensão e sua intrincada rede de rios e igarapés. Características que dificultam o acesso à área e encarecem excessivamente qualquer obra de engenharia, como, por exemplo, a construção de usinas hidrelétricas.
Mesmo sendo o nosso bioma mais preservado, cerca de 16% de sua área já foi devastado, o que equivale a duas vezes e meia a área do estado de São Paulo, por exemplo.
O desmatamento, as queimadas, a garimpagem, o agropastoreio e a biopirataria representam os principais problemas ambientais enfrentados pelo bioma amazônico. O conjunto formado por essas ações devastadoras é responsável por graves mudanças climáticas em todo o planeta, pois a Amazônia é um grande “resfriador” atmosférico, removendo o excesso de gás carbônico disperso na atmosfera, que provoca o aquecimento global. Atualmente a proliferação de culturas de soja tem sido motivo de grande preocupação por estar gerando inúmeras áreas de desmatamento, a maioria ilegais.


Cerrado


É o segundo maior bioma do Brasil em extensão territorial, pois ocupa grande parte da Região Centro-Oeste do País. Também conhecido como savana brasileira, é um bioma tropical com estações bem definidas de seca (inverno) e chuvas (verão).

Sua vegetação é menos densa que a das florestas tropicais e desenvolve-se em regiões sujeitas a incêndios naturais, apresentando árvores que possuem troncos retorcidos e cascas com espessa cortiça, resultantes da pobreza de nutrientes do solo da região e não pela falta de água, como erroneamente se pensa. Devido a seu aspecto mais grosseiro, esse tipo de vegetação sempre foi menosprezada, pois é considerada uma área perdida para a economia do País.
De acordo com o IBAMA, o Cerrado é o segundo colocado na lista dos biomas cuja biodiversidade está ameaçada de extinção, perdendo apenas para a Mata Atlântica. As maiores agressões a esse bioma se iniciaram na década de 60 do século passado, com a construção de Brasília e a ocupação da Região Centro-Oeste do País, que provocaram e impulsionaram o desenvolvimento da agropecuária e o desmatamento, ações que devastaram grande parte do Cerrado. Atualmente, restam apenas 20% de sua área original. As monoculturas extensivas (principalmente de soja), a expansão urbana desordenada, a mineração e a invasão de áreas indígenas são outros fatores de impacto sobre esse bioma.


Caatinga

A Caatinga, também conhecida como Sertão Nordestino, manifesta-se na maior parte do nordeste brasileiro, que apresenta clima semi-árido, baixa umidade relativa do ar e altas temperaturas. Em tupi-guarani significa “mata branca”, devido ao aspecto de sua vegetação em época de seca, em que as plantas perdem as folhas e os galhos ficam acinzentados.

Apesar de toda a aridez, a região é rica em biodiversidade animal e vegetal, pois abriga 1/3 de espécies endêmicas exclusivamente brasileiras, ou seja, elas só existem na Caatinga. De forma geral, a vegetação é formada por arbustos, árvores baixas, retorcidas e cheias de espinhos ou cactos, todos adaptados ao clima quente e seco.
A ocupação humana da Caatinga é um problema muito sério, pois a seca faz parte e é característica da paisagem e o homem, após séculos de ocupação, pouco entende sobre como se desenvolve e é frágil esse bioma, aspectos que tornam a vida nele ainda mais difícil.

Seus principais impactos ambientais são a formação de grandes latifúndios para a criação de gado, desmatamentos para formar pastagens e implantar indústrias, exploração irregular de recursos hídricos, de combustíveis fósseis e projetos de irrigação e drenagem executados sem critério, que provocam a salinização do solo ou o assoreamento dos açudes. Além disso, devido ao desmatamento, muitas áreas atingiram um nível de desertificação irreversível que tende a se expandir gradativamente para áreas vizinhas.


Bioma da Mata Atlântica


A Mata Atlântica é uma floresta pluvial tropical com clima quente e úmido devido à proximidade com o oceano, do qual recebe ventos carregados de vapor d'água. Originalmente essa floresta ocupava toda a faixa litorânea do Brasil, desde o Rio Grande do Norte até o Rio Grande do Sul, e sua vegetação se assemelha muito com a da Amazônia.

Embora seja menor que o bioma amazônico, sua biodiversidade é considerada a mais rica das apresentadas em florestas tropicais, pois possui um extraordinário número de espécies endêmicas, ou seja, que são encontradas apenas nesse bioma. Apesar de sua vasta biodiversidade, a situação da Mata Atlântica é extremamente grave, pois das duzentas e duas espécies de animais oficialmente consideradas ameaçadas de extinção, de acordo com o IBAMA, cento e setenta e uma estão presentes nesse bioma.
Atualmente restam menos de 7% de sua área original, o que a torna o nosso bioma mais devastado e ameaçado. Ela foi dizimada ao longo de cinco séculos de ocupação, primeiro com a exploração do pau-brasil, posteriormente pelo plantio de cana-de-açúcar e café e, hoje em dia, pela intensa ocupação urbana.

Na região que foi originalmente ocupada pela Mata Atlântica, existem as maiores cidades brasileiras, que, por sua vez, dependem do que restou da mata para preservar seus mananciais, fontes de água para o abastecimento da população

Campos

Encontra-se esse tipo de bioma em dois lugares distintos: os campos de terra
firme (savanas de gramíneas baixas) são característicos do norte da Amazônia,
Roraima, Pará, Ilha do Bananal e Ilha de Marajó, enquanto os campos limpos
(estepes úmidas) são típicos da Região Sul.

Os campos sulinos, conhecidos como pampas ou pradarias, abrangem o centro-sul do estado do Rio Grande do Sul, que apresenta clima subtropical, com verão muito quente e inverno rigoroso.
É formado por vegetação rasteira ou arbustiva, constituída principalmente por gramíneas e pequenas árvores esparsas. Sua biodiversidade animal é bastante típica, mas não muito rica, pois é formada basicamente por roedores, felinos e aves.

Muitas áreas desse bioma já foram descaracterizadas pela ação humana, devido à pecuária extensiva (que desgasta o solo), ao plantio de soja e trigo (que diminui a fertilidade do solo) e aos desmatamentos e queimadas irregulares (que causam erosão, perda de matéria orgânica e desertificação).



Sucessões Ecológicas


Sucessão ecológica é o desenvolvimento de uma comunidade ou biocenose, compreendendo a sua origem, crescimento, até chegar a um estado de equilíbrio dinâmico com o meio ambiente. Tal dinamismo é uma característica essencial das biocenoses.

2. As causas evolutivas das biocenoses

Toda biocenose é influenciada pelo seu biótopo, e reciprocamente todo biótopo é influenciado pela sua comunidade.

Dada a variabilidade dos fatores climáticos, geológicos e bióticos, a evolução será obrigatória, apenas com velocidade dependente do caso particular. Ação: é a influência exercida pelo meio ambiente sobre a comunidade. Reação: é a influência exercida pela comunidade sobre o hábitat (destruição, edificação, modificação). Coação: é a influência que os organismos exercem entre si.

3. Estágios da sucessão ecológica

A sucessão não surge repentinamente, de uma forma abrupta, mas sim num aumento crescente de espécies, até atingir uma situação que não se modifica com o ambiente, denominada clímax. Uma sucessão pode iniciar-se de diversas maneiras: numa rocha nua, numa lagoa, num terreno formado por sedimentação etc.

O primeiro passo é a migração de espécies de outras áreas para a região onde irá iniciar-se a sucessão. As espécies chegam a essa região através dos elementos de reprodução (esporos, sementes etc.).
As condições desfavoráveis — intensa iluminação, solo muito úmido ou muito seco, temperatura elevada do solo — só permitem o desenvolvimento de algumas espécies.

Essas espécies que se desenvolvem inicialmente no ambiente inóspito são chamadas pioneiras. São espécies de grande amplitude, isto é, não são muito exigentes, não tolerando apenas as grandes densidades.

Esta vegetação é constituída por liquens, musgos, plantas de dunas etc.

Esta primeira etapa da sucessão chama-se ecesis. A ecesis é, pois, a capacidade de uma espécie pioneira de se adaptar e de se reproduzir numa nova área.

A vegetação pioneira permite a preparação de um novo ambiente que, por sua vez, permite o estabelecimento de outras espécies vegetais. Outras espécies migram, algumas desaparecem, ocorrendo, conseqüentemente, alterações até se atingir o clímax. Na sucessão, as espécies de maior amplitude ecológica são substituídas pelas de menor amplitude. As populações mais simples precedem as mais complexas; aumenta a diversidade de espécies; as formas herbáceas são substituídas pelas arbóreas. Denominam-se seres as comunidades temporárias que surgem no decorrer de uma sucessão.

Assim, a seqüência na sucessão será:

Ecesis — Seres — Comunidade clímax

4. Tipos de sucessão ecológica

As sucessões podem ser primárias, secundárias e destrutivas.

4.1. Sucessões ecológicas primárias

As sucessões primárias correspondem a instalações dos seres vivos em um ambiente que nunca foi habitado.

4.2. Sucessões ecológicas secundárias

As sucessões secundárias aparecem em um meio que já foi povoado, mas em que os seres vivos foram eliminados por modificações climáticas (glaciações, incêndios), geológicas (erosão) ou pela intervenção do homem. Uma sucessão secundária leva muitas vezes à formação de um disclímax, diferente do clímax que existia anteriormente.

É o caso da sucessão numa floresta destruída.

Um trecho da floresta é destruído (homem ou fogo) e o local é abandonado por certo tempo. A recolonização é feita por etapas: em primeiro lugar, o terreno é invadido pelo capim e outras ervas; depois, aparecem arbustos e, no final, árvores. O processo, simplificado, é o seguinte:

o terreno descoberto recebe sol direto e fica superaquecido, superiluminado e seco. Em tais condições, as sementes das árvores silvestres não vingam, já que exigem sombra e umidade, mas o capim só germina em solo descampado — a terra coberta pelo capim e pelas ervas retém mais umidade. Algumas sementes que antes não podiam germinar agora o fazem, dando ervas maiores e arbustos. Depois de muitos anos, predominam certos arbustos; sua sombra começa a prejudicar o capim e as ervas, e o ambiente fica propício para a germinação de sementes que produzirão árvores. O capim e as ervas pioneiras vão desaparecendo, enquanto as árvores acabam por dominar os arbustos. Cada comunidade que se instala no terreno prepara o ambiente para a comunidade seguinte, que a suplantará. Para finalizar, considere o caso em que um trecho da caatinga é destruído e em área próxima planta-se grande quantidade de árvores florestais.

Depois de um certo tempo, a comunidade clímax vai ser caatinga, e não floresta, porque cada região tem um clímax característico, determinado pelo clima local. A vegetação é reflexo do clima (a floresta é conseqüência da chuva, e não o contrário).

4.3. Sucessões ecológicas destrutivas

Sucessões destrutivas são aquelas que não terminam em um clímax final. Nesse caso, as modificações são devidas a fatores bióticos, e o meio vai sendo destruído, pouco a pouco, por diferentes seres. E o que acontece com os cadáveres.

5. Características de uma sucessão ecológica

Em todas as sucessões, pode-se observar que:

• aumenta a biomassa e a diversidade de espécies;

• nos estágios iniciais, a atividade autotrófica supera a heterotrófica. Daí a produção bruta (P) ser maior que a respiração (R) e a relação entre P e R ser maior do que 1;

• nos estágios de clímax há equilíbrio e a relação P/R = 1.

6. O ecótono

Geralmente a passagem de uma biocenose para outra nunca ocorre de forma abrupta; costuma haver uma zona de transição, designada ecótono. Em tal região o número de espécies é grande, existindo, além das espécies próprias, outras provenientes das comunidades limítrofes.

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